A tecnologia robótica representa um importante avanço no tratamento cirúrgico do câncer.
Em muitas especialidades, como a urologia, por exemplo, ela tem sido cada vez mais usada, auxiliando na remissão do tumor com um importante resultado em termos de qualidade de vida do paciente.
É claro que essa não é a única alternativa para quem precisa fazer uma cirurgia de remoção do câncer de próstata. Além da robótica, contamos também com a laparoscopia e a cirurgia aberta, um leque de possibilidades que precisa ser analisado com muita atenção pelo paciente e cirurgião para que a melhor decisão seja tomada.
Para a maior parte dos pacientes que vou operar, eu costumo recomendar a cirurgia robótica no lugar da técnica aberta ou laparoscópica, e hoje quero explicar os motivos pelos quais acredito que essa costuma ser a melhor escolha.
O nível de precisão da cirurgia robótica é maior
Embora as técnicas aberta e laparoscópica também sejam consideradas precisas e eficientes no tratamento cirúrgico do câncer, a cirurgia robótica é capaz de levar as habilidades do cirurgião para outro nível.
Isso é possível porque a plataforma oferece visualização aumentada em 3D, podendo ser associada à tecnologia Firefly, que auxilia na diferenciação do tecido tumoral dos tecidos saudáveis, bem como na percepção do fluxo sanguíneo para o tumor.
Além disso, os robôs contam com um sistema de instrumentos que possuem amplitude de movimento maior do que o pulso humano, possibilitando a manipulação de tecidos com muito mais precisão!
Vale ressaltar, é claro, que a experiência do cirurgião faz toda a diferença.
As chances de intercorrência durante intra e pós-operatórias são menores
A maioria dos procedimentos realizados com a cirurgia robótica está associada a menores riscos de intercorrência durante e após a operação, inclusive hemorragias. Afinal, o dano às estruturas adjacentes ao tumor durante a cirurgia é mínimo, o que diminui consideravelmente o sangramento.
Essa é uma vantagem, especialmente, na cirurgia do rim, em que vamos manipular uma área extremamente vascularizada.
Além disso, como o paciente fica menos tempo no hospital, os riscos de infecção hospitalar são muito menores do que numa cirurgia convencional.
As chances de ter efeitos colaterais são menores
Na cirurgia de remoção de próstata, os principais efeitos colaterais podem ser a dificuldade de ereção e a incontinência urinária. Hoje, com a cirurgia robótica, conseguimos preservar ao máximo as estruturas neurais responsáveis por essas funções, de maneira que muitos pacientes sequer têm qualquer efeito colateral após o procedimento.
Inclusive, muitos dos que de fato experienciam um pouco de disfunção erétil depois do procedimento conseguem recuperar a ereção.
O tempo de internação é menor
Por se tratar de um procedimento minimamente invasivo, o paciente costuma receber alta rapidamente. O tempo de internação da prostatectomia e da nefrectomia radical, por exemplo, gira em torno de 48h.
Isso pode variar, entretanto, de acordo com o tipo de cirurgia e a saúde do paciente como um todo, mas, de maneira geral, como as incisões são pequenas, não é necessário manter a pessoa em ambiente hospitalar por muito tempo!
Além de permitir que o paciente se recupere no conforto do lar, um curto período de internação significa menores gastos e riscos de contrair infecções hospitalares.
O retorno para as atividades cotidianas é mais rápido
Dependendo do tipo de cirurgia realizada, o paciente logo poderá voltar a dirigir e trabalhar, sempre respeitando as recomendações médicas.
Para o paciente oncológico, o retorno para as suas atividades cotidianas é muito importante porque, muitas vezes, o diagnóstico de câncer parece se sobrepor a todos os outros aspectos da vida da pessoa.
Poder voltar a caminhar, cuidar da casa e trabalhar é uma forma de resgatar o controle sobre a própria vida e a individualidade.
As incisões são mais discretas
E, por fim, não posso deixar de abordar um aspecto muito importante e por vezes negligenciado no cuidado com o paciente oncológico: as cicatrizes.
Na cirurgia robótica, realizamos incisões de 3 cm a 5 cm no abdômen do paciente, para inserir os portais por onde vamos passar os instrumentos robóticos. Essa técnica substitui as grandes incisões realizadas na cirurgia aberta, que muitas vezes causam desconforto estético e se tornam um obstáculo na hora de seguir com uma vida livre de câncer.
Por exemplo, na prostatectomia aberta, por exemplo, fazemos uma grande e profunda incisão do umbigo do paciente até a base do pênis. Já na nefrectomia aberta, a incisão também é grande, feita na lateral do abdômen.
Bom senso na hora de escolher a técnica para sua cirurgia
Não faltam evidências das vantagens da cirurgia robótica. Entretanto, quero ressaltar que a laparoscopia e a cirurgia aberta também oferecem excelentes resultados e que outros fatores também precisam ser levados em conta na hora de escolher o melhor caminho para o seu tratamento.
Como você pode imaginar, os robôs são tecnologias incríveis que precisam ser manipuladas por médicos altamente treinados e experientes. Dependendo do nível de complexidade da cirurgia, pode ser mais vantajoso para determinado cirurgião realizar o procedimento por via laparoscópica ou aberta, já que ele domina melhor essa técnica do que a robótica.
Isso significa que a experiência do cirurgião e sua familiaridade com o método, seja ele qual for, precisam ser levados em conta para que o procedimento tenha os melhores resultados possíveis.