Definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como “mal do século XXI”, a depressão afeta 322 milhões de pessoas no mundo (dados da própria OMS). Em uma década – de de 2005 a 2015 – esse número cresceu 18,4%, o que é bem preocupante.
A prevalência do transtorno na população mundial é de 4,4%. Já no Brasil, 5,8% da população enfrenta esse problema, ou seja: 11,5 milhões de brasileiros. Na América Latina, aliás, somos campeões do ranking de deprimidos e, na américas, ficamos atrás apenas dos Estados Unidos.
Ainda de acordo com OMS, apenas 10% das pessoas conseguem ter acesso a estratégias de tratamento e prevenção dessa doença, cujo desfecho, em muitos casos, é o suicídio – sobretudo entre os homens. Enquanto as mulheres são mais propensas à depressão, a prevalência de autoextermínio entre nós é significativamente maior, numa proporção de 4 para 1.
Sintomas da depressão masculina
Estamos falando, portanto, de um mal que, entre os homens, é mais letal. E por quê? O primeiro motivo é que a depressão masculina é mais silenciosa. Em nossa cultura, infelizmente machista, homem não chora, nem expõe seus sentimentos. Deste modo, enquanto as mulheres estão acostumadas a falar sobre suas tristezas, entre outras questões internas, assim como a buscar ajuda e informação, nós ainda somos seres muito reprimidos pela cultura do machão.
Normalmente, só buscamos esse tipo de tratamento quando obrigados pela mãe, irmã ou namorada. Dificilmente, o homem toma a iniciativa de cuidar de sua saúde mental. Quando (e se) ele procura um médico espontaneamente, a intenção é quase sempre resolver problemas aparentemente superficiais, mas que já começaram a afetar terceiros. Suas queixas, nesse sentido, normalmente são:
- Não tenho vontade de fazer sexo e isso está acabando com meu casamento;
- Sinto raiva o tempo todo e isso está arruinando minha vida profissional;
- Tudo o que eu quero fazer no meu tempo livre é dormir porque trabalho muito e me sinto cansado, mas as pessoas não entendem isso.
E é claro que 99% desses relatos terminam com um pedido de “remédio” que faça o sujeito parar de ser incomodado e/ou de incomodar os outros. Esses, no entanto, são justamente os sinais que podem indicar a presença da depressão que, em nós, têm ainda as seguintes peculiaridades:
- Abuso de pornografia
- Dedicação em excesso ao trabalho (o homem se torna um workaholic)
- Perda de apetite para a vida e da capacidade de tomar decisões
- Emagrecimento (perda de 5% do peso em cerca de um mês, por exemplo) ou ganho de peso
- Falta de apetite ou compulsão alimentar
- Adoção de comportamentos de risco (dirigir em alta velocidade, jogos de azar etc)
- Maior frequência do consumo de álcool e outros psicotrópicos
Como sair dessa
Infelizmente, eu não posso oferecer nenhuma solução mágica, tampouco remédio milagroso. Mas posso apontar um caminho de cura ou convivência com a depressão (sim, em alguns casos, a doença é crônica). Alguns passos importantes nessa direção incluem:
👉 Procurar ajuda
Deixe que um profissional (psicólogo e/ou psiquiatra) avalie a melhor abordagem para a restauração do seu equilíbrio emocional.
👉 Fique atento aos seus níveis de testosterona
Homens com níveis baixos desse hormônio têm mais risco de desenvolver depressão. A testosterona, afinal, estimula a produção de dopamina, o mediador químico do humor.
👉 Regule seu sono
Noites mal-dormidas elevam o estresse e, assim, podem nos deixar melancólicos. Aliás, tanto a insônia, quanto o excesso de sono são indícios de depressão. Procure dormir, no mínimo 7 e no máximo 9 horas por noite.
👉 Pratique exercícios
Diversos estudos têm demonstrado que o exercício físico é um poderoso aliado dos antidepressivos no tratamento da depressão.
👉 Cuide da sua alimentação
Há também pesquisas que demonstram como alimentos naturais e integrais como ovos, carne, legumes e frutas auxiliam no processo de recuperação de crises depressivas, assim como o junk food atrapalha.
Minha última e principal recomendação é: reconheça-se frágil. Como bem define o psicólogo e autor paulista Frederico Mattos: “A depressão masculina é um tipo de lembrete da própria humanidade do homem que é chacoalhado em sua tentativa de se defender dos seus próprios medos.”