A Medtronic, empresa líder global em tecnologia médica, anunciou na semana passada que o primeiro procedimento realizado com seu novo robô cirurgião, o Hugo, foi realizado com sucesso no Chile. O procedimento foi realizado pelo Dr. Ruben Olivares, na Clínica Santa Maria, em Santiago.
Trata-se de uma prostatectomia radical, ou seja, a remoção total da próstata do paciente, uma das principais cirurgias em que se destacam as técnicas minimamente invasivas, especialmente a robótica.
A plataforma robótica Hugo RAS vinha sendo desenvolvida há alguns anos e, finalmente, iniciou seu registro de pacientes para coletar dados clínicos que, futuramente, serão utilizados para ser submetida a regulações em diversos países.
Hugo RAS promete menores custos e mais praticidade para cirurgiões e hospitais
Atualmente, somente uma pequena parcela das cirurgias realizadas no mundo inteiro são realizadas com robôs. Nesse sentido, de acordo com os responsáveis pelo Hugo, essa plataforma tem o potencial de oferecer soluções versáteis, compatíveis e portáteis com custo efetivo.
A ideia é diminuir os custos da cirurgia robótica e otimizar a logística de utilização dessa tecnologia com modularidade nos braços robóticos, visualização avançada e compatibilidade com instrumentos da Medtronic já utilizados em cirurgias laparoscópicas e abertas.
Com esses recursos, a empresa busca solucionar, também, um dilema comum quando falamos de tecnologia: à medida que surgem novos avanços, as tecnologias vão se tornando obsoletas.
O objetivo é que o Hugo possa ser atualizado sem se tornar obsoleto, possibilitando troca de peças e geradores ao invés de comprar um sistema novo, o que reduz custos tanto para o hospital quanto para o paciente.
Os cirurgiões podem, inclusive, utilizar muitos dos instrumentos com os quais já estão familiarizados, o que aproveita a experiência que o médico já tem e ainda mantém o catálogo de instrumentos da Medtronic ativo. Diversos equipamentos do robô também podem ser utilizados em cirurgias laparoscópicas e até mesmo abertas, inclusive o seu gerador.
Além disso, o Hugo pode ser facilmente transportado entre salas de cirurgia, maximizando sua utilização por diferentes espaços do hospital ao invés de ficar restrito a um local específico. Ele também pode ser desmontado para ser utilizado em duas operações diferentes ao mesmo tempo.
Outro aspecto interessante do robô é que ele oferece alguns insights importantes do procedimento, possibilitando que o médico possa acessar, analisar e compartilhar vídeos de procedimentos que são gravados e transmitidos para a nuvem diretamente da sala de cirurgia.
E, por fim, a Medtronic oferece treinamento e serviços personalizados para que cada médico possa explorar ao máximo as vantagens da sua plataforma robótica. Para isso, ela utiliza simulações e laboratórios práticos.
Corrida robótica se intensifica com avanços do Hugo
Este é, sem dúvidas, um grande passo para a Medtronic, que já se destaca com a Mazor X Stealth, plataforma cirúrgica dedicada às cirurgias da coluna vertebral. Entretanto, ainda é muito cedo para dizer se o Hugo será um competidor agressivo no mercado em relação à Intuitive Surgical, empresa responsável pelos sistemas cirúrgicos da Vinci, mais utilizados em todo o mundo.
A Medtronic não é a única a se debruçar sobre os problemas que ainda encontramos na cirurgia robótica, como o volume e o custo das plataformas. A própria Intuitive Surgical tem encontrado caminhos interessantes para tornar seus sistemas mais acessíveis e práticos, enquanto a Virtual Incision caminha a passos largos com o MIRA, o menor e mais leve robô cirúrgico até o momento.
Continuo na torcida para que essas tecnologias continuem avançando para que os melhores tratamentos estejam disponíveis para o maior número possível de pacientes, que tanto se beneficiam de técnicas minimamente invasivas e de alta precisão. Assim que tivermos mais notícias sobre o Hugo e outras plataformas, contarei aqui no blog!