A principal razão pela qual uma pessoa precisa remover um dos seus rins é o tratamento de um trauma causado por acidente ou doença, como câncer, por exemplo. Esse procedimento é chamado de nefrectomia radical.
No caso do câncer de rim, o tratamento deve envolver a remoção de parte ou da totalidade do órgão porque esse tumor não responde bem a tratamentos quimioterápicos e radioterapia.
Entretanto, nem sempre o motivo da remoção do rim é uma neoplasia. Um exemplo bastante conhecido é o do ex-jogador Pelé, que removeu um desses órgãos em 2014, devido à uma infecção urinária grave, depois de remover cálculos renais.
Como a nefrectomia radical é feita
No passado, era necessário realizar uma grande incisão na parede lateral ou anterior do abdômen do paciente para remover o rim. Devido à extensão e profundidade desse corte, a recuperação era bastante lenta, além de deixar uma cicatriz considerável.
Atualmente, a maioria das nefrectomias radicais podem ser realizadas por via laparoscópica. Nessa técnica, são realizados de 3 a 4 pequenos orifícios por onde são introduzidos uma microcâmera e os instrumentos necessários na operação.
Em casos em que o órgão precisa ser removido inteiramente (tumor maligno ou transplante), será feita uma outra incisão na região inferior do abdômen, sem a necessidade de seção de músculos.
Outra opção é a cirurgia robótica, que também tem caráter minimamente invasivo, mas é ainda mais precisa graças à tecnologias como visão aumentada em 3D, filtragem de possíveis tremores do cirurgião e o uso de instrumentos ainda mais articulados do que a mão humana.
Tanto na cirurgia robótica quanto na videolaparoscopia, o trauma nos tecidos será muito menor na nefrectomia radical, graças às pequenas incisões. Na prática, isso significa uma recuperação mais rápida e internação, muitas vezes, de apenas 24h.
O que muda na vida de quem fez a nefrectomia radical
Se o rim remanescente está saudável, a pessoa poderá levar uma vida bastante normal.
Inclusive, no caso de pessoas que precisaram remover o órgão ainda crianças, o rim desenvolve-se de forma mais rápida, aumentando de tamanho para compensar a função renal. Trata-se do rim vicariante.
Em adultos, o rim pode sim assumir o trabalho dobrado e até aumentar de tamanho, mas é necessário tomar alguns cuidados a mais com a saúde, como visitar o médico anualmente para realizar exames de sangue e de urina.
Pessoas que vivem com apenas um rim também têm maiores chances de desenvolver quadros de pressão alta, então será importante monitorar esse aspecto mais de perto. Outra tendência é o excesso de proteína na urina, levando o corpo a reter fluidos e sódio, o que causa inchaço nos tornozelos e abdômen.
Na prática de esportes será importante evitar lesões ao órgão, já que por ser maior e mais pesado, poderá estar mais sujeito à traumas. Se o paciente se interessa por esportes de contato corporal como lutas ou futebol, por exemplo, vale utilizar uma proteção sobre a roupa durante a atividade.
Muitos ainda acreditam que será necessário ter uma dieta especial depois de uma nefrectomia radical. Na verdade, basta consumir menos sal e beber pelo menos dois litros de água por dia, o que também é uma recomendação para a população em geral.
Quando nem todo o rim precisa ser removido
Em caso de câncer ou traumas, nem sempre será necessário remover todo o rim, e isso poderá ser fundamental para pessoas que, por algum motivo, não poderiam viver com apenas um desses órgãos. Trata-se da nefrectomia parcial.
Esse não é um procedimento simples, já que o rim é um órgão extremamente vascularizado. Será necessário interromper o fluxo de sangue para realizar a ressecção dos tecidos doentes, e, se esse processo for demorado, o órgão poderá ser comprometido.
Atualmente, a cirurgia robótica possibilita dissecar rapidamente a porção comprometida do rim, preservando o máximo de néfrons saudáveis. Tudo isso graças à precisão da tecnologia associada à experiência do cirurgião.