Cada vez mais pesquisas apontam caminhos para lidar com a disfunção erétil. Uma das mais recentes, realizada na Universidade Federal de Minas Gerais, envolve a produção de um estimulante sexual derivado do veneno da aranha armadeira, que já está sendo testado em humanos.
Segundo Maria Elena de Lima, bióloga do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG e responsável pelo estudo, esse medicamento estimula a produção de óxido nítrico no órgão sexual, ativando a circulação sanguínea e promovendo a ereção entre cinco e dez minutos depois de aplicado.
A diferença entre o remédio derivado do veneno e o Viagra
A disfunção erétil ocorre quando o homem não consegue ter ou manter uma ereção firme o suficiente para ter uma relação sexual. Atualmente, o medicamento mais usado para garantir a ereção é o Sildenafil, popularmente conhecido como Viagra, que apresenta uma série de contraindicações.
Pessoas diabéticas e hipertensas, por exemplo, não podem fazer uso do medicamento. A interação com outros remédios usados para tratar essas patologias, poderia causar quedas acentuadas da pressão arterial. Além disso, existem pacientes que não respondem à esse fármaco.
O medicamento feito a base do veneno da aranha, portanto, seria uma alternativa viável, segundo os pesquisadores. A principal diferença entre ele e o Sildenafil é a aplicação tópica do primeiro. Essa ação tópica garante que o efeito vasodilatador aconteça apenas no órgão genital.
Assim, poderá ser indicado para esses pacientes, possibilitando que diversas pessoas que sofrem com a impotência restabeleçam sua vida sexual.
Como o veneno foi “transformado” em fármaco
Se você é do sudeste pode já ter visto de perto esse aracnídeo: comum tanto em áreas urbanas quanto rurais, tem o nome científico de Phoneutria nigriventer, mas é conhecida principalmente como aranha-de-bananeira.
O veneno desse inseto é bastante potente e pode matar pequenos mamíferos pela perda de controle muscular, causando problemas respiratórios, paralisia e eventual asfixia.
Em homens, a picada da aranha pode levar ao priapismo, ereções involuntárias e dolorosas que duram em média quatro horas e que podem levar à impotência.
Segundo os pesquisadores, em doses moderadas e testadas no laboratório, o veneno induz o relaxamento do tecido esponjoso nos órgãos sexuais, levando ao aumento do fluxo sanguíneo na região.
A ereção natural acontece justamente quando o corpo esponjoso do pênis é preenchido com sangue. Então, o primeiro desafio para os cientistas foi isolar a molécula do veneno responsável por esse fenômeno das outras responsáveis pelos efeitos prejudiciais à saúde.
Mais de treze anos depois, o medicamento está perto de ser uma realidade nas drogarias. O processo de desenvolvimento de remédios pode ser bastante longo!
A disfunção erétil e o tratamento de câncer
Um dos desafios da luta contra o câncer de próstata é fato de que um dos efeitos colaterais do tratamento, seja ele cirúrgico ou medicamentoso, pode ser a disfunção erétil.
Esse é, muitas vezes, o motivo pelo qual muitos homens acabam adiando o tratamento, o que pode agravar a doença e compromete as chances de cura.
De maneira alguma essa preocupação deve ser tratada como fútil, afinal, a sexualidade é uma parte muito importante da qualidade de vida.
Por isso é necessário explicar ao paciente todas as possibilidades de lidar com a disfunção erétil depois de fazer o tratamento do câncer de próstata.
O gel tópico produzido a partir do veneno da aranha armadeira levou mais de dez anos para sair do papel e começar a ser testado em humanos, mas já está perto de ser uma realidade.
Além dessa possibilidade, existem diversos tratamentos disponíveis para restabelecer a vida sexual depois do câncer de próstata, além da cirurgia robótica apresentar resultados positivos na preservação da potência sexual.
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