Um estudo britânico chegou à conclusão de que um teste único de PSA não tem efeito significativo na redução de mortes provocadas por câncer de próstata. A pesquisa, coordenada por Richard Martin da Universidade de Bristol (Inglaterra), foi publicada em fevereiro na revista científica Jama, da Associação Médica Americana.
Entre 2001 e 2016, os pesquisadores analisaram os dados de cerca de 408 mil homens de 573 clínicas de atenção primária do Reino Unido. Destes, 189 mil passaram por um teste único de PSA para rastreamento de câncer de próstata. O restante se tornou o grupo de controle para comparação: não foi submetido ao rastreamento.
Os pesquisadores chegaram à conclusão de que o teste só detectou tumores de baixo risco, não representando diferença em relação às mortes por câncer de próstata uma década depois do exame.
Os autores do estudo defendem que os riscos de intervenções desnecessárias são maiores do que os potenciais benefícios do rastreamento. Segundo eles, muitos homens são diagnosticados com um tumor que não evoluirá para um quadro mais grave. Mas, ao fazer o tratamento, perdem em qualidade de vida devido aos efeitos colaterais, como incontinência urinária ou disfunção sexual.
CONTROVÉRSIAS Em julho de 2017, a comunidade norte-americana de cientistas fez uma revisão da contraindicação do exame de PSA. Em 2012, o órgão publicou uma orientação não recomendando o exame porque o PSA levaria ao aumento de biópsias e tratamentos desnecessários, como a retirada da próstata, ao acusar falsos-positivos.
Em apenas três anos, a contraindicação do rastreamento do PSA pela entidade impactou a saúde pública. Em 2015, o estudo ‘Genitourinay Cancers Symposium mostrou que houve um crescimento de 3% ao ano no diagnóstico de tumores de risco intermediário e alto.
A política atual no Reino Unido, onde foi feito o estudo recente, não recomenda o rastreamento de câncer de próstata. Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, a decisão de fazer ou não o rastreamento deve ser do paciente depois de uma conversa esclarecedora com seu médico. O profissional deve alertar sobre as vantagens e desvantagens do exame, além de avaliar os fatores de risco de cada caso (idade, raça e histórico familiar). O diagnóstico precoce garante uma maior chance de sucesso do tratamento e todos têm direito a esta oportunidade.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que serão diagnosticados cerca de 68 mil novos casos de câncer de próstata este ano. O câncer é a segunda causa de morte no mundo. A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que homens a partir de 50 anos devem procurar um urologista para uma avaliação.
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