Um artigo recente publicado no periódico norte-americano Journal of Nuclear Medicine revelou que um tratamento experimental pode reverter quadros de câncer de próstata avançado. Segundo a publicação, o feito foi alcançado no caso de dois pacientes que já tinham sidos submetidos a diversos tratamentos sem resultado, e que apresentavam metástases.
Apesar de ainda estar em fase inicial, a revelação movimentou a classe médica já que o tratamento poderia servir para outros tipos de tumores. A terapia (225 Actínio-PSMA-617), conduzida por pesquisadores alemães, agiria como uma “nanobomba nuclear” nas células tumorais.
O tratamento implica na aplicação de radioisótopo, uma substância radioativa, por meio do exame de imagem (PET-CT). O fator de inovação nesse caso é se valer do próprio comportamento das células cancerígenas, que produzem a proteína PSMA (que se fixam em anticorpos), para transportar o radioisótopo mais forte até o núcleo dessas proteínas, destruindo-as. Na quimioterapia, por exemplo, as drogas atacam todas as células, inclusive as saudáveis; sendo um tratamento bastante agressivo para o indivíduo.
Há três anos, 80 pacientes receberam a terapia e seus exames clínicos estão sendo acompanhados pelos pesquisadores. De acordo com o artigo, há outros casos de resultados “completos e duradouros” entre este grupo. Eles devem ser publicados no futuro.
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Nos dois pacientes destacados pela publicação, os níveis do PSA caíram abaixo do limite de detecção depois de três e quadrões sessões do tratamento — de 3.000 ng/ml e 419 ng/ml, respectivamente, para 0.1ng/ml. O PSA (antígeno prostático específico) é um marcador tumoral do câncer de próstata, pelo qual é possível rastrear a doença. As metástases também desapareceram com o tratamento.
Atualmente, dois anos depois do seguimento do primeiro caso, os pacientes permanecem em boas condições. A expectativa de vida anteriormente era de dois a quatro meses.
Será necessária a confirmação de benefícios reais do tratamento antes dele começar a ser viabilizado clinicamente. Dezenas de outros estudos controlados deverão ser realizados para averiguar a segurança da terapia. Até o momento, o único efeito colateral conferido foi boca seca devido à destruição de glândulas da saliva. A dose tem se mostrado segura e eficaz, segundo o estudo.
O objetivo é poder usar esse tipo de tratamento em pacientes que diagnosticaram a doença precocemente, preservando-os dos efeitos agressivos ao organismo de outras terapias como a quimioterapia.