Os homens subestimam o perigo do câncer de próstata. É o que revelou uma pesquisa do Datafolha, divulgada recentemente, e encomendada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Instituto Oncoguia e Bayer, empresa farmacêutica. Entre junho e julho deste ano, foram entrevistados 1.062 homens em sete capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Recife e Salvador. Todos os participantes da pesquisa tinham 40 anos ou mais e nos últimos três meses frequentaram estádios de futebol — uma tentativa de deixar a amostra mais próxima do universo do público alvo de sensibilização do tema.
Os participantes se mostraram mais receosos com o câncer de forma geral (29%) do que com o de próstata (10%) que, depois do câncer de pele não-melanoma, é o que mais atinge os homens. Apesar de 77% afirmarem que cuidaram bem da saúde ao longo da vida, 27% dos entrevistados com mais de 60 anos nunca fez exame de toque retal. E cerca de 38% deles não frequentam o urologista por não considerarem importante (15%) ou acharem que estão saudáveis (34%).
Preconceito e machismo são aspectos que influenciam diretamente nos cuidados do população masculina com a saúde. Entre os homens com mais de 60 anos, que têm maior risco de ter câncer de próstata, as desculpas para não procurar um urologista demonstram a urgência da conscientização da população masculina sobre o tema. Para 21% dos entrevistados, exame de toque retal “não é coisa de homem”. Já para 38%, “não é necessário”.
Muitos não procuram ajuda especializada para não serem vistos como fracos. Cuidar-se é considerado uma atribuição feminina. E, como resultado dessa educação sexista de papéis sociais, homens adoecem e morrem só para provar sua masculinidade.
É importante lembrar que o toque retal é fundamental, pois é a única forma de se chegar a um diagnóstico definitivo do câncer de próstata. É recomendável fazer esta avaliação a partir dos 50 anos. Porém, aqueles que têm histórico de câncer na família (pai, irmãos e tios) e/ou são da raça negra devem procurar um especialista mais cedo, já aos 45 anos. Em estágio inicial o câncer de próstata age de forma silenciosa, por isso é importante fazer o exame preventivo, que possibilita descobrir a doença ainda no início, quando as chances de cura são maiores.
Para o biênio 2016/2016, a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) são de 61 mil novos casos da doença.