Quando recebo pacientes diagnosticados com câncer de próstata no meu consultório, uma das preocupações centrais costuma ser a vida sexual depois do tratamento dessa neoplasia.
É claro que a sexualidade é um aspecto muito importante da vida adulta e essa preocupação é perfeitamente natural. Por isso é papel do urologista ser honesto e passar segurança sobre o tratamento do câncer e possíveis consequências do mesmo.
O câncer costuma ser tratado com a retirada da próstata por cirurgia aberta ou robótica (que é minha especialidade), ou por radioterapia.
Todos esses procedimentos podem ter como consequência a incontinência urinária e impotência sexual, mas a cirurgia robótica tem apresentado resultados expressivos em minimizar esses efeitos, já que é minimamente invasiva e oferece maior precisão. Além disso, quanto mais experiente o cirurgião, melhores são os resultados.
Na cirurgia aberta ou fechada a prática é a mesma: a próstata e as vesículas seminais são retiradas e, em caso de maior risco, os linfonodos pélvicos também são extraídos. Não há mais ejaculação após esse procedimento, mas a sensação de orgasmo não é alterada.
Com o avanço da técnica cirúrgica, é possível isolar o feixe vascular e nervoso para prevenir o problema da disfunção erétil, mas ainda assim uma porcentagem dos pacientes vai apresentar impotência sexual leve a moderada.
É importante ressaltar que existem alguns fatores que influenciam esse quadro, como problemas anteriores de ereção, diabetes, colesterol alto e tabagismo.
Ainda que frequente, esse problema é reversível, mas exige paciência. É normal que após a retirada da próstata a função sexual caia, mas ela tende a ser recuperada dentro de alguns meses.
Esse é um processo lento e com grande impacto psicológico no homem, por isso a relação médico paciente deve ser muito honesta.
Após cerca de 45 dias da cirurgia, o paciente pode tentar ter relações sexuais. Caso tenha dificuldades, será iniciada uma terapia medicamentosa com estimulantes sexuais que visam facilitar a comunicação entre o cérebro e o pênis. Nessa fase de reabilitação, a masturbação é muito importante.
Recuperar a vida sexual após o câncer de próstata é sim possível, mas requer paciência e perseverança. É muito importante que o paciente evite cobranças excessivas e comece aos poucos, respeitando seu processo individual.