A Doença de Peyronie é uma condição que afeta muitos homens, embora seja frequentemente subdiagnosticada devido ao tabu em torno da saúde sexual masculina. Caracterizada pela curvatura anormal do pênis durante a ereção, essa condição pode causar dor, dificuldade nas relações sexuais e impacto emocional significativo. Em alguns casos, a cirurgia é o tratamento recomendado, especialmente quando a doença compromete a função sexual ou a qualidade de vida do paciente.
Neste texto, exploramos os aspectos mais importantes da Doença de Peyronie, desde suas causas até os tratamentos disponíveis, com foco nas indicações para cirurgia.
O que é a Doença de Peyronie?
A Doença de Peyronie ocorre devido à formação de placas fibrosas na túnica albugínea, um tecido que envolve os corpos cavernosos do pênis. Essas placas causam um enrijecimento localizado, resultando na curvatura do órgão durante a ereção. A extensão dessa curvatura pode variar de leve a severa e, em alguns casos, comprometer completamente a função sexual.
Embora as causas exatas da doença ainda não sejam totalmente compreendidas, acredita-se que traumas repetidos ou microtraumas no pênis durante a relação sexual possam desencadear o processo inflamatório que leva à formação das placas fibrosas. Outros fatores, como predisposição genética, condições autoimunes e envelhecimento, também podem estar envolvidos.
Sintomas e estágios da doença
Os sintomas mais comuns incluem:
- Curvatura anormal do pênis: Visível durante a ereção, a curvatura pode variar em direção (para cima, para baixo ou para os lados) e gravidade.
- Dor: Pode ocorrer tanto em estado flácido quanto ereto, especialmente nos estágios iniciais da doença.
- Nódulos ou áreas endurecidas: Palpáveis no eixo do pênis devido às placas fibrosas.
- Disfunção erétil: Em alguns casos, a rigidez do pênis é comprometida.
- Encurtamento do pênis: Pode ocorrer devido ao processo cicatricial.
A doença de Peyronie é dividida em dois estágios principais:
- Estágio agudo: Dura de 6 a 18 meses, durante o qual a curvatura e os sintomas podem progredir.
- Estágio estável: Quando a curvatura e os sintomas se estabilizam, geralmente após 12 meses.
Quando a cirurgia é indicada?
A cirurgia é considerada a última opção de tratamento e é indicada apenas em situações específicas. Em geral, os critérios incluem:
- Persistência da condição por mais de 12 meses: O paciente deve estar no estágio estável da doença, quando não há mais progressão da curvatura.
- Deformidade severa que compromete a função sexual: Quando a curvatura impede ou dificulta a penetração durante o ato sexual.
- Dor resolvida: A dor associada ao estágio agudo da doença deve ter desaparecido, já que o procedimento cirúrgico não é eficaz no alívio da dor.
- Falha nos tratamentos não cirúrgicos: Medicamentos orais, injeções intralesionais ou terapia com ondas de choque não produziram os resultados esperados.
Opções cirúrgicas para a Doença de Peyronie
O tipo de cirurgia a ser realizado depende da gravidade da curvatura, da função erétil do paciente e das preferências do médico e do paciente. As opções incluem:
1. Plicatura Peniana
Indicado para casos de curvaturas leves a moderadas, é um procedimento relativamente simples que consiste em aplicar pontos de sutura no lado oposto à placa fibrosa para corrigir a curvatura. Embora eficaz, pode resultar em encurtamento do pênis.
2. Incisão ou Excisão com Enxerto
Recomendado para curvaturas severas, envolve a incisão ou remoção da placa fibrosa e o uso de um enxerto (tecido biológico ou sintético) para reparar a área. É uma técnica mais complexa, mas preserva o comprimento do pênis. Os riscos incluem disfunção erétil e perda de sensibilidade.
3. Implante de Prótese Peniana
Ideal para pacientes com disfunção erétil significativa associada à Doença de Peyronie. O implante corrige a curvatura e restaura a função erétil. É uma opção definitiva, mas irreversível.
Riscos e complicações da cirurgia
Como qualquer procedimento cirúrgico, as operações para a Doença de Peyronie envolvem riscos. Entre eles:
- Disfunção erétil: Pode ocorrer, especialmente em procedimentos mais complexos.
- Redução de sensibilidade: Algumas áreas do pênis podem ficar menos sensíveis após a cirurgia.
- Encerramento incompleto da curvatura: Em casos raros, a curvatura pode não ser completamente corrigida.
- Infecção ou rejeição do enxerto: Pode ocorrer em cirurgias que envolvem enxertos ou implantes.
Cuidados pós-cirúrgicos
Após a cirurgia, o paciente deve seguir as orientações médicas para garantir uma boa recuperação:
- Repouso: Evitar atividades físicas intensas e relações sexuais por pelo menos 6 semanas.
- Medicamentos: Podem ser prescritos para controle da dor e prevenção de infecções.
- Terapias complementares: Uso de dispositivos de tração pode ser recomendado para ajudar na recuperação e evitar retrações.
Outros tratamentos para a Doença de Peyronie
Antes de optar pela cirurgia, alguns pacientes podem se beneficiar de tratamentos conservadores, como:
- Medicamentos orais: Alguns remédios podem ajudar a reduzir a inflamação e a progressão das placas.
- Injeções intralesionais: Medicamentos injetados diretamente na placa podem amolecer o tecido fibroso e melhorar a curvatura.
- Terapia com ondas de choque: Uma abordagem menos invasiva que visa reduzir a dor e melhorar a flexibilidade das placas.
A cirurgia para a Doença de Peyronie é uma solução eficaz para homens que enfrentam curvaturas severas e comprometimento significativo da função sexual. No entanto, essa decisão deve ser tomada com base em uma avaliação médica cuidadosa e em conjunto com um especialista em urologia.
Se você está enfrentando sintomas da Doença de Peyronie, não hesite em buscar ajuda. O diagnóstico e o tratamento precoce podem fazer toda a diferença para sua qualidade de vida e saúde sexual.