Cientistas japoneses descobriram que dois compostos encontrados no café podem retardar ou mesmo impedir o crescimento do câncer de próstata. São eles o acetato de kahweol e o cafestol, ambos hidrocarbonetos presentes no café comum.
O objetivo dos pesquisadores era verificar como as substâncias encontradas naturalmente nos grãos agiam na proliferação de células cancerosas da próstata humana cultivadas in vitro.
Inicialmente, seis compostos foram testados. Até que eles observaram que as células tratadas com o acetato de kahweol e o cafestol cresceram mais lentamente que as células doentes que não foram tratadas com essas duas substâncias.
Os testes
Foi quando os cientistas partiram para a segunda etapa do estudo: a de testes em camundongos. Os compostos foram administrados em um grupo de 16 cobaias que receberam células cancerígenas da próstata por meio de transplantes:
– Quatro ficaram como controle;
– Quatro foram tratadas com acetato de kahweol;
– Quatro foram tratadas com cafestol;
– E as últimas quatro foram tratadas com a combinação dos dois compostos.
Após 11 dias de tratamento, o grupo tratado com o uso combinado das moléculas apresentou um desenvolvimento bem mais desacelerado do tumor. Além disso, os pesquisadores também observaram que não foram registradas células tumorais nativas, ou seja, que se replicaram no corpo.
Isso significa que esses compostos podem ter um efeito até sobre células que, hoje, são resistentes a drogas usadas no tratamento do câncer. Com isso, novos medicamentos com base nessas moléculas poderiam ser desenvolvidos para tratar o câncer de próstata mais resistente.
As descobertas foram realizadas por pesquisadores da Universidade de Kanazawa, no Japão, publicadas na revista The Prostate e divulgadas no último Congresso da Associação Europeia de Urologia, que aconteceu em Barcelona.
Mas, sempre há um porém. E, apesar de as conclusões serem bem animadoras, o estudo ainda precisa ser encarado com um certo cuidado.
Considerações
Por mais que seja um estudo-piloto, o trabalho mostra que o uso desses compostos é cientificamente viável. Mas ainda não é possível dizer se o mesmo efeito visto nos camundongos ocorre em humanos.
Além disso, mesmo que os dados sejam promissores e bastante animadores, não devem fazer com que as pessoas mudem seu consumo de café. Afinal, sabemos que apesar de efeitos positivos, ele também tem efeitos negativos, se consumido em excesso.
Por isso, é necessário que se descubra mais sobre os mecanismos que agem por trás desses achados. O próximo passo dos cientistas é considerar como essas descobertas podem ser testadas em uma amostra maior e, em seguida, em humanos. Vamos aguardar!