Você já imaginou ter, dentro de si, uma bexiga impressa por meio de bioimpressoras 3D, feitas a partir dos seus próprios tecidos?
O britânico Luke Massella, de 27 anos, não imagina. Ele sabe exatamente como é – e há quase uma década!
O rapaz nasceu com uma doença chamada espinha bífida, condição em que sobra uma espécie de lacuna na medula espinhal por conta de uma malformação congênita. Aos 10 anos de idade (em 2001), ele já havia sobrevivido a uma dúzia de cirurgias, superando as expectativas iniciais dos médicos, que acreditavam que ele nunca andaria.
Foi então que a bexiga de Luke pôs abaixo todo o otimismo. Uma falha no órgão começou a prejudicar seriamente seus rins. “Eu estava encarando a possibilidade de ter que fazer hemodiálise (purificação do sangue por meio de máquinas) pelo resto da minha vida”, disse o jovem à BBC britânica. Esse quadro certamente comprometeria significamente a qualidade do (então) garoto, pois o impediria, por exemplo, de praticar esportes.
Especializado em medicina regenerativa, o doutor Anthony Atala Instituto Wake Forest de Medicina Regenerativa evitou que isso acontecesse. O cirurgião “imprimiu” uma bexiga real para Massela, usando uma máquina que elimina a necessidade de doadores, quando se trata de transplantes de órgãos.
O procedimento, que ele compara ao ato de “assar um bolo”, funciona mais ou menos assim: scanners são usados para obter uma imagem 3D da bexiga que precisa ser substituída. Em seguida, uma amostra de tecido menor que um selo postal é utilizada como modelo para o processo informatizado. A bioimpressora então trabalha para fazer uma réplica perfeita da bexiga do paciente. E o melhor de tudo é que a pessoa não precisa lidar com a rejeição, uma vez que a estrutura impressa é feita a partir das células do seu próprio corpo.
“Agora estou na universidade e vivendo como uma pessoa normal”, comemora Luke Massella, um dos primeiros a receber a bexiga experimental.
As bioimpressoras atualmente passam por testes clínicos na Food and Drug Administration, agência de saúde pública dos EUA. Segundo Atala, estruturas planas como a pele são mais fáceis de imprimir. Órgãos como a bexiga, coração, pulmão e rins costumam ser mais complexos.
Não há dúvidas de que a impressão 3D abre todo um caminho de possibilidades na medicina, uma vez que permite a confecção de partes do corpo humano em larga escala e de maneira acessível.
Solução para as longa filas de espera para transplantes? Cenas dos próximos capítulos, que não tardaremos a assistir 🙂