Publicada na revista científica Nature, uma pesquisa revelou 63 genes associados ao câncer de próstata. Outros 100 já eram conhecidos, mas as novas estruturas tornarão os testes genéticos que acusam a propensão ao desenvolvimento de tumores prostáticos mais acurados.
A investigação, inclusive, já é usada pelo Instituto de Pesquisas sobre Câncer (ICR) do Reino Unido para o desenvolvimento desses exames, realizados a partir de amostras de saliva. A ideia é que eles sejam capazes de diagnosticar a predisposição ao câncer de próstata por meio da análise molecular do material coletado.
O rastreio proporciona aos homens geneticamente propensos ao tumor de próstata uma série de vantagens, como retirada preventiva da glândula, antes que a malignidade se manifeste, e mudanças nos hábitos de vida.
Os 63 genes problemáticos respondem por 28,4% do risco total de tumores na próstata. Fatores ambientais como obesidade e tabagismo estão na raiz dos demais casos. Para encontrar esses marcadores genéticos, os cientistas compararam o DNA de 61 mil homens saudáveis com o de 80 mil que tinham câncer.
“Essa investigação pode ajudar os homens a entender seu risco genético de ter câncer, e motivá-los a falar com seus médicos sobre a doença”, afirmou ao jornal The Guardian Ian Frame, diretor da pesquisa e da associação britânica dedicada ao câncer de próstata. “Nós precisamos urgentemente de testes de diagnóstico que sejam adequados para um programa nacional de prevenção.”
O Brasil registra 68,8 mil diagnósticos anuais de câncer de próstata. Muitos óbitos ocorrem pelo diagnóstico tardio. Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 51% da população do sexo masculino nunca consultou um urologista.
Mesmo que testes de saliva, na carona dos estudos de genética, se tornem cada vez mais precisos, baratos e acessíveis a brasileiros, é muito pouco provável que eles substituam o clássico dedo – principalmente se você for diagnosticado como parte do grupo de risco. Não tem escapatória. Vá ao médico.