Uma resolução equivocada de um órgão com reconhecimento internacional pode gerar resultados negativos preocupantes para a saúde pública. Recentemente, a U.S Preventive Services Task Force (USPSTF), comunidade norte-americana de pesquisadores e cientistas sobre profilaxia em saúde, voltou atrás na sua contraindicação ao exame de PSA para o rastreamento do câncer de próstata. A novidade foi publicada em abril na Jama, revista científica da Associação Médica Americana.
“A decisão sobre ser ou não submetido ao rastreamento do câncer de próstata deve ser individual. A USPSTF recomenda que os médicos informem homens entre 55 a 69 anos sobre os potenciais benefícios e danos de antígeno prostático específico (PSA) com base em rastreio para câncer de próstata”. Informações completas aqui.
Em 2012, o órgão publicou uma orientação não recomendando o exame porque o PSA levaria ao aumento de biópsias e tratamentos desnecessários, como a retirada da próstata, ao acusar falsos-positivos. A contraindicação foi contestada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), American Urological Association (AUA) e American Cancer Society.
Essas entidades sempre mantiveram a advertência que a decisão de fazer ou não o rastreamento deve ser do paciente depois de uma conversa esclarecedora com seu médico. O profissional deve alertar sobre as vantagens e desvantagens do exame, além de avaliar os fatores de risco de cada caso (idade, raça e histórico familiar). O diagnóstico precoce garante uma maior chance de sucesso do tratamento e todos têm direito a esta oportunidade.
Em apenas três anos, a contraindicação do rastreamento do PSA pela USPSTF impactou a saúde pública. Em 2015, o estudo apresentado na Genitourinary Cancers Symposium mostrou que houve um crescimento de 3% ao ano no diagnóstico de tumores de risco intermediário e alto.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que serão diagnosticados 61 mil novos casos de câncer de próstata em 2016/2017. O câncer é a segunda causa de morte no mundo. A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que homens a partir de 50 anos devem procurar um urologista para uma avaliação.