Como eu disse no meu Instagram, uma das coisas que mais me fascina na minha profissão é observar como o nosso corpo é um sistema tão complexo e, ao mesmo tempo, completamente harmônico.
Isso fica bem evidente quando algo não vai bem: às vezes, um problema que, aparentemente, não tem nada a ver com outro, acaba tendo ligações diretas e intrínsecas, que acabam afetando o funcionamento de alguma parte dessa verdadeira engrenagem.
O que eu quero dizer é que um só problema de saúde pode ter várias e várias causas, muitas vezes inimagináveis! Isso porque o nosso organismo é uma verdadeira máquina, que precisa de cada pecinha em seu devido lugar, trabalhando bem, para funcionar perfeitamente.
E como o assunto de hoje é infertilidade masculina, é importante ressaltar que, além da presença de doenças especificamente relacionadas à fertilidade, os hábitos de vida, quando pouco saudáveis, também afetam negativamente a produção de espermatozoides.
Tabagismo, uso de drogas recreativas (maconha, cocaína), uso de anabolizantes (testosterona), exercícios físicos em excesso, obesidade, exposição a produtos tóxicos e à poluição, estresse, má nutrição… Tudo isso pode causar infertilidade, direta ou indiretamente.
É o caso do diabetes. Má nutrição (dietas ricas em gordura, carboidratos simples e alimentos industrializados) + sedentarismo + acúmulo de peso = diabetes, que causam alterações no espermatozóide do homem que podem resultar em infertilidade.
Além dessa combinação, fatores como disfunções hormonais, infecções genitais, causas congênitas, doenças sexualmente transmissíveis e inflamações nos testículos também figuram no rol de motivos que levam ao problema.
Varicocele
No primeiro lugar do ranking está a varicocele – varizes que aparecem no cordão espermático e que podem atrapalhar a produção de espermatozoides por causa do calor excessivo na área. Essas varizes fazem com que a pressão testicular e a temperatura intratesticular aumentem, fazendo que com 40% dos portadores da doença sejam inférteis.
Para corrigir o problema, recorre-se a uma cirurgia relativamente simples. O importante mesmo é detectar o problema o quanto antes, uma vez que a varicocele costuma aparecer na adolescência.
Azoospermia
Uma pequena parcela dos homens inférteis, ao fazer o exame de espermograma, se depara com a ausência de espermatozóides no ejaculado. É o que chamamos de azoospermia, uma condição que impede a saída de espermatozóides, apesar de eles serem produzidos normalmente pelos testículos. Um procedimento de desobstrução costuma reverter o quadro.
DST
Doenças sexualmente transmissíveis, como a clamídia e a gonorreia, causadas por bactérias, atrapalham o sonho de ser pai. Elas desencadeiam inflamação nos testículos e no epidídimo, uma estrutura sobre o par de glândulas masculinas.
Com isso, travam a passagem do espermatozoides e alteram a produção e qualidade deles, dificultando o processo de fecundação.
Criptorquidia
Essa é uma doença congênita também é conhecida como “testículo oculto”, e é caracterizada por uma descida incompleta dos testículos ao escroto, fazendo com que eles fiquem no canal inguinal ou região abdominal.
As doenças congênitas são aqueles existentes desde o nascimento da pessoa. Por isso, a melhor maneira de resolver o problema é com cirurgia ainda na infância.
Como eu disse, as causas da infertilidade masculina podem ser várias. Ela pode acontecer por meio de uma doença única ou por diferentes fatores que, quando associados, levam a uma importante redução do potencial fértil.
Por isso, caso sinta que algo não está bem, procure um médico urologista de confiança. O exame físico da bolsa testicular e o espermograma são essenciais para avaliar corretamente o potencial reprodutivo masculino, e não podem ser substituídos por nenhum achismo.