Na cirurgia robótica quem opera é o médico, não o robô. Portanto, é fundamental que o cirurgião seja muito bem qualificado para comandar o console. “A máquina não aprimora as competências básicas de ninguém. Apenas potencializa”, explica o Dr. Pedro Romanelli, urologista especialista em cirurgias minimamente invasivas.
É preciso ter qualificação prévia para comandar o robô Da Vinci, máquina com a qual o urologista já realizou cerca de 150 intervenções em hospitais de todo o Brasil. A plataforma, fabricada pela empresa americana Intuitive, é a mais avançada e utilizada para esse tipo de procedimento no mundo.
E é preciso esclarecer que para formar um cirurgião robótico existem algumas etapas de treinamento a seguir. Tudo começa com o cirurgião realizando muitas horas de simulação no Mimic, o equipamento mais conhecido atualmente no mercado para esse fim. Ele tem exatamente todos os instrumentos que existem no robô real: são sete pedais e dois controles manuais. A ideia é que o médico consiga reproduzir nesse aparelho todas as situações de uma operação e consiga fazê-la de uma forma segura.
Além de treinar os movimentos e habilidades cirúrgicas necessárias para o procedimento, o médico pode avaliar o próprio resultado com as métricas fornecidas pelo simulador. O Mimic informa exatamente onde é preciso melhorar para tentar atingir determinada expertise. São requisitadas, ao menos, 20 horas de simulação.
Depois dessa primeira fase, o cirurgião vai para algum centro de treinamento, como o dos Estados Unidos, para tirar a sua certificação. É como se fosse um brevê de um piloto de avião. O médico terá essa “carteira” que o permite realizar cirurgias robóticas.
Mesmo de posse dessa certificação, ao voltar para a sua cidade de atuação, o profissional deverá realizar suas primeiras cirurgias com a ajuda de um proctor, um cirurgião mais experiente que estará ao seu lado para ensiná-lo e passar mais segurança nesse início. São recomendadas, no mínimo, 20 cirurgias com acompanhamento para que o médico seja considerado apto a operar sozinho.
É importante destacar que existem várias etapas na capacitação da cirurgia robótica e que elas devem ser seguidas de forma criteriosa. Não há como um médico simplesmente cismar que sabe e passar a fazer cirurgias robóticas. O cirurgião é responsável por todos os controles do robô. Se ele fizer um movimento equivocado, ele será reproduzido no paciente e pode comprometer o resultado do procedimento. Por isso, o médico preciso passar por um treinamento rigoroso e estar sempre atualizando as suas habilidades.
A cirurgia robótica é uma tecnologia incrível, que garante muitos benefícios ao paciente, como menos dor no pós-operatório e recuperação mais rápida. Mas de nada adianta o equipamento se o cirurgião não for capacitado. É ele quem determina o sucesso do procedimento. Procure por um especialista experiente de sua confiança.
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